Como combater os efeitos da estiagem

Como combater os efeitos da estiagem

O relatório do Centro Polar e Climático da UFRGS indica a diminuição de chuva no inverno gaúcho, afetando o volume hídrico para as culturas de verão. Em consequência, haverá aumento das estiagens, comprometendo a produção rural. O enfrentamento desta situação exige que algumas ações sejam tomadas: investimentos em equipamentos de irrigação (que são de alto custo para pequenas áreas) ou tomar atitudes em favor da natureza.

Quando foi realizado o Cadastro Ambiental Rural-CAR, verificou-se o passivo ambiental das propriedades que deveria ser retificado, na proteção de nascentes, mata ciliar e áreas de proteção permanentes. Esta retificação já poderia aumentar a quantidade de água na propriedade com o incremento do lençol freático. Outra atitude possível é manter a água onde ela cai, com a utilização de terraços de base larga em nível, cultivo em nível, rotação de culturas e adotando o Sistema Plantio Direto-SPD.

Cumpre ressaltar que a quantidade de água disponível para a cultura depende ainda da profundidade explorada pelas raízes, da capacidade de armazenamento de água do solo e da densidade radicular da planta. Assim, o manejo racional do solo e da cultura reveste-se de suma importância para o crescimento e distribuição do sistema radicular, favorecendo o aproveitamento eficiente da água.

Mesmo com a redução hídrica prevista, devemos ter, em média, 1.622mm de precipitação pluviométrica por ano, numa avaliação de 50 anos, conforme publicação da Emater-RS. É de primordial importância reter o máximo possível de todas estas chuvas, que serão mal distribuídas, concentrando em algumas épocas e ficando um logo tempo em estiagem.

Entre as espécies vegetais mais cultivadas no mundo estão: arroz, trigo, soja, batata, algodão, aveia, cevada, mandioca, cana-de-açúcar e milho. Todas consomem, em média, 500 gramas de água para assimilar um grama de carbono, com exceção da cana e do milho, a assimilação da mesma quantidade de carbono consome 250 g de água. Esta é uma vantagem em comparação as outras culturas. Todavia, é errado pensar que a restrição de água não afeta seu desempenho.

Mesmo em solos em que os atributos químicos e físicos sejam adequados, a redução na oferta de água prejudica a produção de grãos. O Sistema Plantio Direto-SPD é importante para o enfrentamento dos problemas, decorrentes da restrição hídrica. O não revolvimento de solo, a preservação da matéria orgânica e as ligações de carbono orgânico com partículas do solo ajudam na formação de agregados, aumentando o número de macro-agregados do solo, contribuindo para o incremento da distribuição de micro-poros ao longo do perfil. Estes estão relacionados à retenção de água, por meio da força de adesão entre água e coloides do solo.

Assim, há um relativo aumento na capacidade de retenção de água, com o SPD, para as culturas. Em meio à atual “enxurrada” de produtos de “alta tecnologia”, como aminoácidos, proteínas e outros, com o objetivo de reduzir o estresse hídrico, muitos se esquecem de que manter o SPD é uma ótima forma de reduzir o estresse hídrico da lavoura.

A divulgação destas técnicas são os objetivos da Associação de Conservação de Solo e Água para enfrentar estes problemas, através de cursos, dias de campo e publicações.

Eng. Agr. Humberto Dauber – ACSA

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